Estive sem acesso à internet durante um mês, por questões relacionadas com a linha telefónica. A este respeito apetece-me aqui registar que a PT (porque é ela quem faz o débito) nos deve em dobro, a mim e aos meus vizinhos, a Taxa Municipal de Direitos de Passagem. Não estranhem porque a razão é simples: os cabos telefónicos da zona onde residimos são aéreos e passam pelas nossas propriedades. A questão do dobro é também de fácil explicação: uma parte pela restituição dos débitos até agora liquidados e outra parte, de igual valor, pelos direitos de passagem que nos assistem mas dos quais a telefónica faz tábua rasa.
A zona em causa, na cidade da Póvoa de Varzim, é uma parcela do território municipal esquecida por todas as entidades, oficiais ou oficiosas, excepção feita aos períodos eleitorais. Há alguns anos atrás, quando foi instalada na zona uma grande superfície comercial, a artéria principal, Rua de Sacra Família, foi desventrada e aproveitou-se a altura para colocação das infra-estruturas da TV Cabo. Toda a população da dita rua e seus ramais colaterais beneficiaram com essa implementação, com excepção do nosso bairro que fica, com precisão milimétrica, a dois passos da dita artéria principal. A TV Cabo bem tentou impingir-nos o sistema mais dispendioso, via satélite, mas enganou-se redondamente: ninguém aderiu.
Durante este interregno (de privação de acesso à internet) a Terra não parou, nem a rotação nem a translação, e muita água correu sob as pontes.
Os combustíveis aumentaram em Portugal, durante o corrente ano, 15 vezes (e pelos vistos a coisa não pára por aqui). A Autoridade da Concorrência será chamada à Assembleia da República para explicações sobre o assunto. Mas não será suficiente que esta Autoridade esclareça por que motivo a formação de cartel por parte das gasolineiras tem passado em claro, escandalosamente. Será necessário que o Governo defina se está, realmente, aberto à diminuição da enorme carga fiscal sobre os combustíveis, que ultrapassa os 60%.
A questão do Acordo Ortográfico continua na berra. Para Pinto Ribeiro, ministro da Cultura, a uniformização da grafia é essencial e “vai ajudar a afirmar a língua portuguesa no mundo”. Os ingleses que não saibam desta tirada do nosso ministro, caso contrário ficam logo a saber qual o mal que tem impedido que o Inglês seja a língua mais utilizada no mundo.
Na China um terramoto fez, até ao momento, mais de 22.000 mortos e uma enormidade de situações de carência alimentar e sanitária. Como sempre, em situações destas, os mais prejudicados são as populações mais desfavorecidas. Ainda assim o governo chinês teve o desplante de colocar entraves às primeiras ajudas humanitárias. E todos os governantes se rebaixam ao governo daquele país asiático, organizador dos próximos Jogos Olímpicos. Como é o caso do senhor Albano Nunes, chefe de uma delegação do PCP que visitou a China. O senhor Nunes elogiou os êxitos das conquistas chinesas na construção do socialismo: desrespeito pelos Direitos Humanos, repressão, implantação de um sistema capitalista ultraliberal, desemprego, salários de miséria, segurança social inexistente, injustiça social com um fosso abissal entre ricos e pobres, inexistência de liberdade de opinião e reunião, imprensa manietada, etc. e tal.
O espantoso é que o combate a tudo isto é o cavalo de batalha do PCP na Assembleia da República… em Portugal. Duas posições antagónicas ou apenas a constatação que o que reclamamos para nós não é o mesmo que defendemos para os outros?
Angola ultrapassou, com a média de 1.873 milhões de barris de petróleo, a produção da Nigéria, que tem sido o maior produtor africano do ouro negro. Talvez assim as condições de sobrevivência do povo angolano sofram uma significativa dignificação.
Pôde ler-se no Jornal de Angola (1): “A liberdade de Imprensa teve sempre inimigos confessos e alguns idiotas úteis que, mesmo sem o saberem, são os inimigos mais difíceis de conter ou de enfrentar. São aqueles que os patrões usam para todos os abusos, para todos os fins, para todas as manobras.”
Para uns ninguém se atreverá a contestar esta posição de defesa da liberdade de imprensa. Para outros terá sido um tiro no pé.
Seja como for, o jornal que assim “fala” emprega, num artigo de opinião (ou será uma mucanda?), 12 vezes as palavras quadrilha/quadrilheiro, 6 vezes idiota, 5 vezes dono/a voz do dono, para além de alarves, ladrão, cleptomaníaco, roubou, salteadores, etc., referindo-se a jornalistas portugueses e tendo como pano de fundo as declarações de Bob Geldoff em Lisboa.
Outras tiradas filosóficas inseridas no artigo em causa:
1. “… são os angolanos que decidem do seu presente e do seu futuro…” Não se diz quem são esses angolanos que decidem, nem com que instrumentos isso é conseguido. Será por meio de eleições livres e democráticas?
2. “… diamantes de sangue…” A este respeito será aconselhável a leitura da reportagem “Operação Kissonde: Os Diamantes da Humilhação e da Miséria”, de Rafael Marques.
3. “Por uma questão de decência e como forma de nos solidarizarmos com o Povo Português, que merece uma imprensa livre e responsável.” Sem comentários!
Este artigo do Jornal de Angola termina desta forma: “Basta de abusos e insultos!”
Só me resta concluir que, numa “imprensa livre e responsável”, só escreve desta forma quem veicula “a voz do dono”.
E que mesmo os tiros no pé têm limite!
(1) “A quadrilha dos abusadores”, Jornal de Angola, 12.05.2008
1 comentário:
Viiiiiva! Viva o teu regresso, Admário, mesmo que o teu post só reporte coisas desagradáveis.
Um abraço
Ju
Não sei se isto vai entrar, não aparecem as letras para verificação...ah, agora já aparecem
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