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13 de junho de 2010

A quem interessa a Guerra

Que a guerra é um lucro já muitos de nós o sabemos. É também sabido que os objectivos “civilizacionais” e democráticos são apenas uma falácia. Mas quem pode e quem está nos lugares certos para o proclamar, cala-se. Para também poder comer da gamela.

Outros há que, na feira das ilusões, prometem desmascarar a besta mas, mesmo a coberto de Prémios Nobéis extemporâneos, ou outros, arrependem-se redondamente. Promessas tem havido várias mas não há meio de se acabar com as moscas, que são sempre as mesmas. Toda a gente sabe que para acabar com elas, com as moscas, basta acabar com a merda. Mas, pelos vistos, a merda dá muito lucro e, assim sendo, não convém destruí-la. A todo o custo.

O homem que fez o discurso que se segue era um jovem que participou na guerra do Iraque. Apareceu morto dois dias depois destas declarações. De ataque cardíaco, diz a autópsia. Como convém.






Esforcei-me por ter orgulho no meu trabalho mas tudo o que consegui sentir foi vergonha.

O racismo já não conseguia mascarar a realidade da ocupação.
Eles eram gente, seres humanos.

Desde então passei a sentir culpa cada vez que via homens idosos, como aquele que não podia andar e foi carregado numa maca até que a polícia iraquiana o pudesse levar.

Sentia culpa cada vez que via uma mãe com os seus filhos, como aquela que chorava estericamente, gritando que nós éramos piores do que Saddam enquanto a obrigávamos a sair de casa.

Sentia culpa cada vez que via uma rapariga como a que agarrei pelo braço e arrastei para a rua.

Disseram-nos que lutávamoas contra terroristas mas o verdadeiro terrorista era eu e o verdadeiro terrorismo é esta ocupação.

O racismo dos militares tem sido, durante muitas épocas, uma ferramenta importante para justificar a destruição ou a ocupação de outro país. Tem sido muito usado para justificar a morte, a subjugação ou a tortura de outro povo.

O racismo é uma arma vital usada por este governo. É mais poderosa do que uma metralhadora, um tanque, um bombardeiro ou um navio de guerra. É mais destrutivo do que um projéctil de artilharia, um anti-bunquer ou um míssil Tomahawk.
Apesar do nosso país fabricar e gerir essas armas, elas são inofensivas sem pessoas dispostas a usá-las. Aqueles que nos enviam para a guerra não têm que apertar o gatilho ou lançar morteiros. Eles não precisam de lutar na guerra, a sua função é vender a guerra. Precisam de um público disposto a mandar os seus soldados para o perigo. Precisam de soldados dispostos a matar e morrer sem questionar. Eles podem gastar milhões com uma única bomba mas essa bomba só se torna uma arma quando as divisões militares estão dispostas a executar a ordem para usá-la. Eles podem enviar um soldado para qualquer parte do Mundo mas só haverá guerra se o soldado concordar em lutar. É a classe dominante de bilionários que lucra com o sofrimento humano, que se preocupa apenas em aumentar a sua riqueza, em controlar a economia mundial
Sabem que o seu poder consiste somente na habilidade para nos convencer de que a guerra, a opressão e a exploração são do nosso interesse. Eles percebem que a sua riqueza depende da capacidade para convencer as classes trabalhadoras a morrer para controlarem o mercado de outro país e o convencer-nos a matar e morrer tem por base a sua habilidade em fazer-nos pensar que somos, de alguma forma, superiores.
Soldados, marinheiros, marines, aviadores, não têm nada a ganhar com esta ocupação. A grande maioria das pessoas que vivem nos E.U.A. não têm nada a ganhar com esta ocupação. Na verdade, nós não somente não temos nada a ganhar como sofremos mais por causa disso: perdemos membros e damos a nossa vida de forma traumática. As nossas famílias têm que ver os caixões com bandeira descer à cova.

Há milhões de pessoas neste país sem assistência médica, sem trabalho ou acesso à educação e vemos o governo gastar 450 milhões de dólares por dia com essa ocupação. Pessoas pobres e trabalhadoras deste país são enviadas para matar pessoas pobres e trabalhadoras de outro país e tornam os ricos ainda mais ricos.

Sem o racismo os soldados perceberiam que têm muito mais em comum com o povo do Iraque do que com os bilionários que nos mandam para a guerra.

Eu atirei famílias para a rua no Iraque apenas para poder chegar a suas casas e encontrar famílias atiradas para a rua, nessa trágica e desnecessária crise imobiliária.

Devemos acordar e perceber que o nosso verdadeiro inimigo não está em alguma terra distante e não são pessoas cujo nome não conhecemos ou a quem não entendemos culturalmente. O nosso inimigo é gente que conhecemos muito bem e que podemos identificar. O nosso inimigo é um sistema que declara guerra quando é lucrativo, o inimigo é uma companhia que nos despede quando é lucrativo, é uma companhia de seguros que nos nega assistência quando é lucrativo, é o banco que fica com as nossas casas quando é lucrativo. O nosso inimigo não está a 5 mil milhas de distância, está bem aqui.

Se nos organizarmos e lutarmos juntos, com os nossos irmãos e irmãs, podemos parar esta guerra, podemos parar este governo e podemos criar um mundo melhor.


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