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23 de novembro de 2010

Declaro-me vivo!



Saboreio cada momento.

Antes procurava que não falassem mal de mim, por isso portava-me como os outros queriam  e a minha consciência censurava-me.

O mal era que, apesar da minha esforçada boa educação, havia sempre alguém que me difamava.

Quanto agradeço a essa gente que me ensinou que a vida não é um palco!

Desde então atrevi-me a ser como sou.

Viajei por todo o mundo, tenho amigos de todas as religiões; conheço gente estranha: católicos, religiosos que pecam e assistem pontualmente à missa, apregoando aquilo que não são, pessoas que devoram o próximo com a língua e a intolerância, médicos que estão piores do que os pacientes, gente milionária mas infeliz, seres que passam o dia lamentando-se e que aos domingos se reúnem com a família ou os amigos para se queixarem por turnos, gente que fez da estupidez a sua maneira de viver.

A árvore velha ensinou-me que todos somos iguais.

A montanha é o meu ponto de referência: ser invulnerável, a que cada um diz o que quer, eu sigo o meu caminho sem interrupções.

Sou guerreiro: a minha espada é o amor, o meu escudo a jovialidade, o meu lar a coerência, o meu texto a liberdade.

Se a minha felicidade for insuportável, desculpem-me, não fiz do bom-senso opção. Prefiro a imaginação do índio, quer dizer, com a inocência incluída.

Talvez tenhamos que ser apenas humanos.

Ainda que não vejas os átomos, não significa que não existam.

Por isso é muito importante que seja o Amor a única inspiração dos teus actos.
Sem Amor nada tem sentido, sem Amor estamos perdidos, sem Amor corremos o risco de caminharmos novamente de costas para a luz.

Na realidade, apenas falo para recordar-te a importância do silêncio.

Anseio que descubras a mensagem por trás das palavras; não sou um sábio, apenas um enamorado pela vida.

O silêncio é a chave, a simplicidade é a porta que deixa de fora os imbecis.

A gente feliz não é rentável, com lucidez não há necessidades desnecessárias.

Não chega querer despertar, é preciso despertar. A melhor forma de despertar é fazê-lo sem nos preocuparmos que os nossos actos incomodem quem dorme ao nosso lado.

Recorda que o desejo de fazê-lo bem será uma interferência. É mais importante amar o que fazemos e desfrutar esse trajecto na sua plenitude.

O final não existe, o caminho e a meta são a mesma coisa. Não temos que correr para parte nenhuma, temos apenas que saber dar cada passo com plenitude.

Não, não resistas, rende-te à vida.

Quem se aceita como é e se prepara para fazer o que pode, encarna as utopias e o impossível põe-se à sua disposição.

A melhor maneira de ser feliz é: “ser feliz”.

Restaura a tua raiz e saboreia a vida.

Somos como peixes de profundidade, se viermos à superfície estouramos.

A frivolidade e o supérfluo condenam a vida à morte.

Quando somos maiores do que aquilo que fazemos, nada nos pode desequilibrar. Mas quando permitimos que as coisas sejam mais importantes do que nós, o nosso desequilíbrio está garantido.

O coração está em crise por falta de amor. Há que voltar a conquistar a vida, enamorarmo-nos dela outra vez.

O nosso potencial interior aflora espontaneamente quando estamos em paz connosco.

Talvez sejamos apenas água fluindo; teremos que ser nós próprios a fazer a caminhada. Mas não permitas que o leito oprima o rio, para que em vez de um caminho não tenhas um cárcere.

A infelicidade não é um problema técnico, é o resultado de se ter enveredado pelo caminho errado.

Amo a minha loucura que me vacina contra a estupidez. Amo o amor que me imuniza contra a infelicidade que pulula por todo o lado, infectando almas e atrofiando corações. O amor é, a um nível delicado, a essência da nossa acção imunológica.

As pessoas estão tão acostumadas a complicar, que rejeitam antecipadamente a simplicidade. As pessoas estão tão acostumadas a ser infelizes, que a sensação de felicidade se torna suspeita. As pessoas estão tão reprimidas, que a ternura espontânea as incomoda e o amor inspira-lhes desconfiança.

Há coisas que são muito razoáveis, objectivas e … empestam.

Já não temos tempo para continuarmos a aprender técnicas espirituais quando todavia estamos vazios de amor.

Quem não está preparado para ouvir tem a recompensa de nada se inteirar.

Disfruta o que tens, recebe o que vier, cria e inventa o que necessitares, faz apenas o que puderes e, fundamentalmente, goza o que tens.

A vida é um canto à beleza, uma convocatória para a transparência.

Quando descobrires isto pela vivência, o vento voltará a ser teu amigo, a árvore tornar-se-á mestra e o amanhecer um ritual. A noite vestir-se-á de cores, as estrelas falarão a linguagem do coração e o espírito da terra de novo repousará tranquilamente.

Declaro-me vivo!


Índio Quechua







traduzido e adaptado de
http://www.elblogalternativo.com/2009/03/15/me-declaro-vivo-de-chamalu-indio-quechua/

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei de ler. Por mim, já tenho alguma dificuldade em declarar-me viva...
Abraços
Ju