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27 de janeiro de 2007

Angola no século XIX




Aida Freudenthal, José Manuel Fernandes e Maria de Lurdes Janeiro. Angola no Século XIX, Cidades, Território e Arquitecturas. 200 pp, 45 euros.

Eis um álbum que, para além da vasta iconografia (os postais da colecção de João Loureiro), constitui um precioso contributo para a História de Angola. Graças ao texto, de tripla autoria, um longo ensaio, com ênfase na Arquitectura e no Urbanismo, nomeadamente de Luanda, mas não só. Atente-se nos capítulos: Urbanismo e arquitectura coloniais no século IXI e início do século XX: a «África Portuguesa»; Urbanismo em Angola no século XIX; Angola e o território e Angola, as cidades (Luanda, a cidade como estrutura geo-histórica, o Norte, o Centro e o Sul), Angola, as arquitecturas. A edição (graficamente muito cuidada) é dos autores, com o patrocínio de uma instituição bancária angolana (BFA) e da Fundação Portugal África.

JL-Jornal de Letras, Artes e Ideias, 17-30.01.2007



25 de janeiro de 2007

Requentado


Cheira-me a requentado.

Futebologicamente ando pelas bandas do 4X2X4. Já o meu amigo Nando é defensor acérrimo do 4X3X3. É bom de ver que não estamos sempre de acordo.

O nosso exercício de liberdade é a crítica mútua e a cada um daqueles sistemas. É um direito que nos assiste por vivermos num Estado de Direito, Democrático.

Eu digo mais: é um Direito Natural, independentemente do local onde se viva.

O que não é natural é que nem todos pensem e executem o exercício da liberdade no seu sentido universal. Há muito quem pratique mais o sentido umbilical da questão.

O senhor Manuel Portela, director do Teatro Académico de Gil Vicente, recusou o acolhimento do Espectáculo “Sós em Miami” do grupo Teatro em Movimento (TM), “com o argumento de que se tratava de um espectáculo panfletário”.

O que significa o conceito “panfletário”?

Quanto a mim, na prática quotidiana, “panfletário” é tudo aquilo que alguém (neste caso com poder para tal) detesta ou pretende impedir de se realizar, apresentar ou ver. Tudo aquilo que esse alguém aprecia, realiza, apresenta ou vê nunca é panfletário. Porque segue os trâmites do seu pensamento ideológico ou político.

A série televisiva “Floribella” não é panfletária! Não?

Leandro Vale, director e encenador do TM, acusou Portela de ter censurado o seu trabalho.

Manuel Portela diz que “a acusação não tem qualquer fundamento, a não ser que se entenda o não programar uma proposta como acto de censura”.

Na verdade Portela teria razão se a sua resposta ficasse por aí. Não programar uma peça não é, só por isso, um acto de censura. Porém o que se segue revela que Leandro Vale tem toda a razão:

”Não havia interesse especial em apresentar um texto dessa natureza”, justificou-se Portela, considerando o espectáculo “claramente pró-cubano e antiamericano, mas de uma forma primária”.

É ou não elucidativo?

Além do mais, o senhor Portela tem um conceito de censura bastante próprio:

”Fazer censura, na perspectiva de Portela, seria programar o espectáculo e, depois, cancelá-lo ou exigir a supressão de partes indesejadas”.

A censura é só isto!

A este respeito lembrei-me de dois factos, ocorridos em Portugal, não muito distantes na memória:

1 – As loas que se teceram aos “Versícuos Satânicos” de Salman Rushdie e o tratamento de “santo” que lhe foi concedido;

2 – A posição política do senhor Lara em relação a “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” de Saramago e o tratamento de “diabo” que lhe foi concedido.

Ora digam se não cheira a requentado!


admário costa lindo

Novo Blogger

Caros leitores:

O Blogger mudou.

No sistema novo há ainda rectificações que terão que ser feitas por mim.

Se repararam na coluna da direita a acentuação das palavras trasnformou-se em hierógrlifos.

Peço-vos um pouco de paciência porque a coisa arranja-se.

Um abraço.

Admário Costa Lindo

17 de janeiro de 2007

"Fala do Homem Nascido"

crédito: Mário Monteiro Jaleco


Venho da terra assombrada,
do ventre da minha mãe;
não pretendo roubar nada
nem falar mal de ninguém…

Com licença! Com licença!
Que a barca se fez ao mar.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei-de passar.

António Gedeão, “Fala do Homem Nascido”

Muito se tem falado sobre a questão do momento: o Aborto*. Assim mesmo, seja qual for o volteio que se pretenda dar à questão.

Toda a gente tem opinião própria, coisa louvável desde que ninguém pense ser senhor da verdade absoluta. Desde que ninguém pense que os seus direitos particulares devem prevalecer sobre todos os outros.

Andam no ar e no papel argumentos que vão desde as questões económicas à problemática do direito da mulher a dispor do próprio corpo.

Poucas vezes... melhor, quase nunca se escuta ou lê o seguinte:


Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 3° da Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em Roma a 4 de Novembro de 1950, em vigor desde 3 de Setembro de 1953 e ratificada por Portugal a 13 de Outubro de 1978.


1. Os Estados Partes reconhecem à criança o direito inerente à vida.

2. Os Estados Partes asseguram na máxima medida possível a sobrevivência e o desenvolvimento da criança.

Artigo 6º da Convenção sobre os Direitos da Criança, adoptada pela Assembleia Geral nas Nações Unidas em 20 de Novembro de 1989 e ratificada por Portugal em 21 de Setembro de 1990.


Este é o tempo
Da selva mais obscura

Até o ar azul se tornou grades
E a luz do sol se tornou impura

Esta é a noite
Densa de chacais
Pesada de amargura

Este é o tempo em que os homens renunciam.

Sophia de Mello Breyner Andresen



Escrevi este pequeno desabafo porque me sinto nascido.
Todos podem e devem manifestar-se, aqui. Quer se sintam nascidos… ou não!


admário costa lindo

*

O que eu queria dizer, na verdade: "liberalização do Aborto". - 22.01.2007