Na minha infância a ânsia na compra das xuingas não derivava apenas do supremo gozo de adocicar a salivação. Era maior o prazer de desvendar qual a tira de BD que nos iria caber do embrulho. A xuinga não seria doce, o sabor passaria despercebido, se nos calhasse uma tira repetida e, pior ainda, se não servisse a nenhum dos amigos, para troca. E, nacionalistas inconscientes, chamávamos-lhe Bazóka Jói, canhestros que éramos no linguajar do Sr Sam. Conhecíamos o Bazooka Joe, a roupa de fardo e o John Wayne. E gostávamos das três coisas, sem interiorizarmos a sua origem.
A vida correu e um dia destes o Bazooka Joe saltou das tiras e chegou a Portugal, de cheques em punho, disposto a comprar tudo: de governantes a centros culturais, de clubes de futebol a partidos políticos (não demora, descansem!). Disposto a conquistar Portugal coisa que ninguém conseguiu, até hoje, pela força de (outras) armas.
O Bazooka entaramela a língua sempre que necessita de se exprimir em português, como nós candengues fazíamos com o inglês. Mas tem, em contrapartida, a conta bancária recheada e comprou obras de arte a rodos, diz-se. Adquiriu também – e em conjunto com os quadros, estilo dois-em-um – uma indisfarçável gaguez intelectual: pensa que, com o acervo de quadros, possui bacharelato em Cultura. Mas não passa de um podre diabo e, pior ainda, convencido de ser Alguém. Há muito quem o venere mas desses sabemos nós a história toda.
Há, no entanto, alguém que o Bazooka não conseguiu comprar porque, sei-o eu e alguns mais, esse não está à venda. É uma daquelas pessoas que não necessita de acenar com a caderneta de cheques para provar quanto vale.
O facto de António Mega Ferreira se ter distanciado do Bazooka só abona a favor da nossa sanidade colectiva.
admário costa lindo
A vida correu e um dia destes o Bazooka Joe saltou das tiras e chegou a Portugal, de cheques em punho, disposto a comprar tudo: de governantes a centros culturais, de clubes de futebol a partidos políticos (não demora, descansem!). Disposto a conquistar Portugal coisa que ninguém conseguiu, até hoje, pela força de (outras) armas.
O Bazooka entaramela a língua sempre que necessita de se exprimir em português, como nós candengues fazíamos com o inglês. Mas tem, em contrapartida, a conta bancária recheada e comprou obras de arte a rodos, diz-se. Adquiriu também – e em conjunto com os quadros, estilo dois-em-um – uma indisfarçável gaguez intelectual: pensa que, com o acervo de quadros, possui bacharelato em Cultura. Mas não passa de um podre diabo e, pior ainda, convencido de ser Alguém. Há muito quem o venere mas desses sabemos nós a história toda.
Há, no entanto, alguém que o Bazooka não conseguiu comprar porque, sei-o eu e alguns mais, esse não está à venda. É uma daquelas pessoas que não necessita de acenar com a caderneta de cheques para provar quanto vale.
O facto de António Mega Ferreira se ter distanciado do Bazooka só abona a favor da nossa sanidade colectiva.
admário costa lindo