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9 de março de 2007

Reflexão e Apelo




Amigos,

Nesta comunidade virtual a que todos pertencemos, uns conhecendo-nos já pessoalmente e outros não, trocamos frequentemente, mensagens, imagens, vídeos, músicas, anedotas, informações, etc. Muitas vezes somos aliciados a participar em correntes religiosas de amor ao próximo ou cadeias de solidariedade, algumas até de objectivos duvidosos, por ou para pessoas que nem sequer conhecemos e ainda assim o fazemos. Nestas actividades, utilizamos muito do pouco tempo de lazer de que dispomos nas nossas vidas, mas ocorre-me perguntar hoje aqui, até que ponto estamos a utilizar estes meios tecnológicos maravilhosos de que dispomos hoje em dia, para fazer algo de realmente útil e positivo pelo nosso próximo e semelhante? Ou será, que à força de tanto focarmos a nossa atenção no monitor à nossa frente, de forma assaz obsessiva, não nos tornamos um pouco autistas, deixando de ver o que se passa realmente à nossa volta?

Muitos de nós partilhamos interesses e gostos comuns, principalmente no que respeita a Angola em particular e à África em geral, pelo facto de termos compartilhado no passado um espaço comum e pelas vivências e emoções desta forma adquiridas. Gostamos ainda, depois de tantos anos, dos sons e sabores africanos e temos imensas saudades dos seus cheiros e das suas cores, ao ponto de não perdemos uma oportunidade para os poder reviver. Apregoamos inclusivamente, a quem queira ouvir, que a “Maneira de Ser e de Estar do Pessoal” que viveu em África e nomeadamente em Angola - que é a minha experiência, é diferente dos demais Europeus, por ser mais aberta, mais tolerante, mais solidária. Mas será isto efectivamente verdade? Somos mesmos mais solidários e capazes de ajudar o nosso próximo, ou tudo não passa de mais uma “balela”, de uma “fachada” ou de um mero auto-convencimento?

Vem isto a propósito, de ter sabido que um casal de angolanos, que partilha connosco o Espaço Virtual da Sanzalangola está a passar por uma situação financeira difícil e a enfrentar algumas dificuldades, que serão no entanto muito fáceis de resolver, se tal solidariedade existir de facto. São eles o Jorge Miranda e a Luisa Couto, ela já reformada e ele em vias de perder o emprego de que vive actualmente, dedicando-se ambos à pintura, por paixão é certo, mas também para poderem obter um complemento de vencimento. Devo admitir, que o Jorge tem o dom de recriar com muita qualidade, temas da vida e da paisagem angolana de outros tempos, além de outros claro, qualidade já reconhecida por muita gente. Eles não necessitam nem de pena nem de esmola, mas tão-somente, que as pessoas vejam, apreciem e adquiram alguns dos seus trabalho, pois se, como disse Confúcio, “a um pobre não se deve dar um peixe, mas sim uma vara e ensiná-lo a pescar”, eu humildemente acrescento, que é necessário que alguém compre também o pescado, pois a pesca, essa já foi realizada.

Na tentativa de ultrapassar essas dificuldades, ajudei-os a criar na Internet (já que pouco percebiam de informática, para o poderem fazer eles próprios), a Galeria virtual KoresdAfrika, (cliquem no link) na qual pudessem expor as suas obras e dar-lhes maior divulgação. Talvez ingenuamente acreditei que esse poderia ser um bom caminho, pois com essa ferramenta e integrando a comunidade de angolanos Sanzalangola, seria muito mais fácil dar a conhecer a sua obra e obter algumas encomendas, mas quero confessar-vos que estou muito triste e desiludido, não por falta de interesse em visualizar, pois já 1394 pessoas visitaram a Galeria até este momento, mas por falta das tão esperadas encomendas. Caramba, gasta-se tanto dinheiro em tanta porcaria que não serve rigorosamente para nada e não se compra uma de tão belas obras, que tem tanto daquilo de que se diz ter saudade! É por isso que me questiono hoje, se todas as afirmações feitas por e/ou em relação às pessoas originárias de Angola serão de facto verdadeiras.

Eu sei bem que o momento é de crise e que muitas outras pessoas têm dificuldades, quiçá talvez até superiores, mas será que de entre todos vós a quem me dirijo, não haverá alguém que vá ou queira remodelar a decoração da sua casa ou que possa e deseje adquirir uma dessas obras? Faço-vos um Apelo (não virtual, mas muito real desta vez) e deixo-vos também um repto – visitem a Galeria, apreciem o trabalho (algumas obras só atingem maior impacto quando visualizadas no tamanho máximo), comentem-no e se possível, adquiram alguma obra e, se por acaso a ideia que têm registada na vossa memória não estiver exactamente representada, falem com o artista e digam-lhe o quê e como gostavam de ver representado, que decerto ele terá muito gosto em vos fazer o “vosso quadro”, ao vosso gosto, dentro do que forem as suas limitações, obviamente. Tenho muita esperança, que alguns de vós poderão responder a este meu Apelo.

Por último devo esclarecer-vos, só para aquietar algumas mentes eventualmente mais suspeitosas, que não me movem quaisquer outros interesses neste assunto, para além da amizade e nem sequer os interessados sabem da minha iniciativa e assim gostaria que continuassem, pois conseguir ajudar um amigo, é por si só recompensa bastante. É evidente que só ajuda quem quer, mas como pode alguém esperar algum dia receber algo, se antes nunca foi capaz de dar nada de si aos outros?

Conto convosco

Nelo (José Caroça)

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma reflexão muito pertinente... Prometo visitar a galeria e, se puder...